Solidariedade e superação marcam carreira da 1ª autista brasileira intérprete de libras

Com apenas 18 anos de idade, a estudante arujaense Ana Maria Machado é um exemplo do que a força de vontade é capaz de realizar na vida daqueles que não aceitam as limitações como rótulo. Ela, que durante o ensino fundamental da EE Washington Luiz de Souza ingressou num curso de libras só para poder se comunicar com uma colega surda, a qual sofria com o isolamento, e acabou encontrando na língua de sinais o seu próprio caminho vocacional. Ingressou em curso profissional da Faculdade de Libras de São Carlos, se formou com excelência e atualmente já realiza pós-graduação e mestrado na Yad libras, faculdade sediada no Rio de Janeiro e reconhecida pelo MEC.
O grande sonho da jovem estudante é se tornar professora universitária e, para isso, ela também já cursa o primeiro ano de licenciatura em Letras Português/Libras, graças a uma bolsa de estudos que ganhou na Universidade Unifatecie. “Quero ensinar a língua de sinais, realizar palestras e mostrar ao mundo que os autistas são pessoas capazes e que só precisam de oportunidade e incentivo para superar suas dificuldades e desafios”, disse.
Quanto à responsabilidade e o impacto de ser a intérprete de libras nos eventos oficiais da Prefeitura de Arujá ela se diz gratificada. “Eu sou grata ao prefeito Luis Camargo pela oportunidade e à população pela credibilidade que me dá, porque sou desfiada a ter autocontrole” diz Ana Maria, avaliando que hoje a cidade de Arujá presta uma assistência muito melhor às pessoas com deficiência.
“Eu tinha um ano e meio quando fui diagnosticada no Hospital Darcy Vargas com autismo severo. Minha família teve que buscar assistência na Capital, pois aqui só havia fonoaudióloga e psicóloga para atender as crianças com deficiência e naquele tempo a causa dos deficientes não tinha tanta visibilidade e nem movimentos como a Caminhada do Autista. Hoje Arujá tem psiquiatra e neurologista e os autistas, assim como outros deficientes, ganharam melhor qualidade de vida. Mas a jornada ainda é longa e devemos nos unir para buscar cada vez mais melhorias”, ponderou a estudante.
Sempre ressaltando o importante apoio dos pais, que não mediram esforços para que ela e a irmã Maria Luiza, que também é autista e tem outras comorbidades, pudessem ter autonomia e uma boa educação, Ana Maria diz que seu lema é “lugar de autista é em todo lugar” e foi justamente por estar como intérprete de libras num evento para autistas em São Paulo que ela conheceu Francisco Paiva, editor-chefe da Revista Autismo, única publicação especializada sobre o TEA na América Latina. Entusiasmado com a performance da arujaense na linguagem de sinais, ele a entrevistou, tornando sua história uma das atrações da revista no ano passado.
“Eu adoro cinema, TV, gosto de passear e estudar, mas a língua de sinais é o meu porto seguro, é onde eu me encontro e o meu passaporte para o futuro. Então estou muito feliz por um dia ter encontrado esta vocação enquanto tentava ajudar uma colega” concluiu Ana Maria.

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