A retirada dos aparelhos celulares das escolas estaduais de Arujá tem gerado debates entre educadores. Embora reconheçam que o uso excessivo dos dispositivos compromete a atenção dos alunos e cria um ambiente de distração nas salas de aula, docentes como Marisa Silva Souza e Everton da Silva Vasconcelos, consultados pelo Jornal de Arujá, alertam que a retirada imediata dos celulares pode gerar distúrbios socioemocionais entre os estudantes.
Marisa Souza, professora de matemática, acredita que o objetivo da medida – garantir maior foco dos alunos no conteúdo das aulas – é válido. Contudo, ela ressalta que a dependência emocional dos estudantes em relação ao celular é muito grande e, por isso, uma mudança abrupta pode ser prejudicial. “Assim como o desmame de uma droga deve ser gradual, a retirada dos celulares também precisa acontecer de forma planejada, com conscientização por parte dos alunos e dos familiares”, afirma.
Everton da Silva Vasconcelos, conselheiro estadual da APEOESP (sindicato dos professores), compartilha da mesma opinião. Para ele, a dependência dos alunos é alarmante, mas lembra que não adianta o governo proibir o uso do celular e, ao mesmo tempo, impor o uso de diversas plataformas digitais como parte do currículo escolar. “Não adianta proibir o celular, mas ao mesmo tempo exigir que os estudantes acessem múltiplas plataformas. Elas não têm contribuído para melhorar o desempenho e demandam muito tempo nas telas, o que pode intensificar problemas de estresse, ansiedade e até questões oculares”, acrescenta.
A lei sancionada pelo presidente Lula, em 13 de janeiro, estabelece que cada escola desenvolva uma estratégia para armazenar os celulares durante o período de aula. No entanto, os professores de Arujá alertam que, até o momento, a maioria das escolas estaduais ainda não tem um planejamento claro para a implementação da medida. Diretores têm optado por não divulgar a medida antes de um planejamento escolar efetivo.
Everton, no entanto, acredita que qualquer estratégia para que a medida seja eficaz precisa envolver toda a comunidade escolar. “É essencial que a equipe gestora, os professores, o conselho de escola e até os grêmios estudantis se unam para que a implementação aconteça de forma eficaz”, afirma o conselheiro. Ele também enfatiza a importância de envolver as famílias no processo. “Somos todos responsáveis pelo sucesso dessa medida, e o diálogo com os pais é imprescindível para que o processo de conscientização seja completo”, conclui.